Barroco: a arte da indisciplina



Resultado de imagem para As sete obras de misericordia
As sete obras de misericórdia  (1607), do pintor barroco Caravaggio

O Renascimeno deu ao homem o papel de senhor absoluto da terra, dos mares, da ciência e da arte. E o sentimento de que, por meio da razão, ele tudo podia. Mas até onde iria a aventura humanista?

No século XVII, por força de vários acontecimentos religiosos, políticos e sociais, valores religiosos e espirituais ressurgem, passando a conviver com os valores renascentistas.

A expressão artística desse momento de dualismo e contradição é o Barroco. Estudar esse movimento implica conhecer as condições em que vivia o homem da época, tanto na Europa quanto no Brasil-Colônia.

A linguagem do Barroco

Resultado de imagem para Sansão e dalila (1609)
Sansão e Dalida (1609), de Rubens.

O Barroco - a arte que predominou no século XVII - registra um momento de crise espiritual na cultura ocidental. Nesse momento histórico, conviviam duas mntalidades, duas forms distintas de ver o mundo: de um lado o paganismo e o sensualismo do Renascimento, em declínio; do outro, uma forte onda de religiosiade, que lembrava o teocentrismo medieval.

No século XVI, o Renascimento repreentou o retorno à cultura clássica greco-latina e a itória do antropocentrismo. No século XVII, surgiu o Barroco, um movimento artístico ainda com alguns vínculos com a cultura clássica, mas que buscava caminhos próprios, condizentes com as necessidades de expressão daquele momento.



Leitura

Os poemas a seguir são de autoria de Gregório de Matos, o principal poeta barroco brasileiro. Leia-os e reponda às qustões propostas.


TEXTO I

É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.


É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.


É nau enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos presa:


Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha à nau, ferro à planta, tarde à rosa?


TEXTO II

Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja,
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
  
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te.
  
Alerta, alerta pois, que o vento berra,
E se assopra a vaidade, e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina, e ferra.
  
Todo o lenho mortal, baixel humano
Se busca a salvação, tome hoje terra,
Que a terra de hoje é porto soberano



1. No texto I, o eu lírico diz a seu interlocutor, Fábio, o que pensa sobre a vaidade, um tema que fazia parte das preocupações do homem barroco. Para explicar o que é vaidade, ele emprega três metáforas, distribuídas nas três primeira estrofes.

a) A que é comparada a vaidade na primeira estrofe? E na segunda? E na terceira?

b) O que há em comum entre a vaidade e cada um desses elementos?

2) No texto I, na última estrofe, os três elementos comparados à rosa são retomados e o eu lírico menciona o destino de cada um deles: a penha (a pedra) aguarda a nau; o ferro aguarda a planta; a tarde aguarda a rosa.


a) O que a pedra, o ferro e a tarde provocam, respectivamente, na nau, na planta, e na rosa?

b) Portanto, o que há em comum entre estes três elementosnau, planta e rosa?
c) Relacione a carcterística comum desses três elementos com a vaidade e conclua: Qual é a opinião do eu lírico sobre a vaidade?

3) Os dois poemas apresentam aspectos em comum,como, por exemplo, o tipo de composição, as imagens e o tema. Compare-os e responda:


a) Que tipo de composição poética foi empregado nos dois textos?

b) Os dois poemas são ricos em imagens. Uma das imagens do texto I é criada pela metáfora da nau (embarcação). Destaque do texto II um verso que corresponde a essa imagem.

4) A linguagem barroca geralmente busca expresar estados de conflito espiritual. Por isso fz uso de inversões, antíteses e paradoxos, entre outros recurso. Identifique no textos:

a) exemplos de inversão quantoà estrutura sintática;

b) exemplos de antítese ou paradoxos.

5) Observe estes versos do texto II:


"Nos mares da vaidad, onde peleja,

Te põe à vista a terra, onde salvar-te"

A visão sobre a vaidade expressa no texto II difere da expressa no texto I? Justifique sua resposta.


6) Leia o boxe "Carpe diem: aproveita o tempo!".


a) Nos textos em estudo, há manfestação de carpe diem?

b) Se para o eu lírico dos textos nada é constante, então qual é a única saída para o ser humano?



7) Leia o boxe "Cultismo e conceptismo" e procure nos textos elementos que se identifiquem com as duas tendências de estilo presentes no Barroco.



Como síntese do estudo feito até aqui, compare as características do Barroco com as do Classicismo:



Do texto ao contexto do Barroco






Fonte: Português linguagens: Vol. 1/William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães.- 7 ed. reform. - São Paulo: Saraiva, 2010.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eletiva: Quem não se comunica de fora fica!

Exercícios de Vírgula (9° ano)

Projeto de Vida - 8º ano