As funções utilitária e estética da linguagem



Todo texto produzido tem uma função, um objetivo. Ou ele é produzido para informar, apenas, ou é produzido para ser apreciado. Fazemos isto porque é importante para a sociedade se comunicar de forma adequada, clara e efetiva. Há uma infinidade de textos ao nosso redor e saber o que estamos lendo e o que escrevemos é essencial para a efetivação da comunicação.
Para identificarmos a que tipo de texto pertence aquilo que lemos ou escrevemos, vamos chamar os textos de:
  • TEXTO NÃO-LITERÁRIO
  • TEXTO LITERÁRIO


"Os textos literários são aqueles que possuem função estética, destinam-se ao entretenimento, ao belo, à arte, à ficção. Já os não literários são os textos com função utilitária, pois servem para informar, convencer, explicar, ordenar." ( Carmen Pimentel - Doutora em Língua Portuguesa pela Uerj)
 ⇝ Veja um exemplo de texto NÃO-LITERÁRIO

Descuidar do lixo é sujeira

Resultado de imagem para mcdonald'sDiariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, 23-29/12/92)

Perceba que este texto, retirado da Revista Veja, apenas informa sobre o lixo despejado nas calçadas e o que acontece com ele antes de o caminhão do lixo passar para recolhê-lo. Sua função é UTILITÁRIA, pois apenas informa sobre um fato observado.
Sua linguagem é DENOTATIVA, objetiva, clara, de vocabulário simples e conciso pois pretende apenas dar informações essenciais para o leitor compreender o conteúdo do texto.

São exemplos de textos não literários:
  • notícias
  • artigos jornalísticos
  • textos didáticos
  • verbetes de dicionários e enciclopédias
  • propagandas publicitárias
  • textos científicos
  • receitas culinárias
  • manuais
Veja um exemplo de texto LITERÁRIO


O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Resultado de imagem para o bicho manuel bandeiraQuando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)

Já este texto é um POEMA. Percebemos isto pela sua estrutura, sua forma, ou seja, como ele foi construído. Nele há versos, estrofes e sobretudo POESIA. O autor usou de um linguagem simples porém o impacto que ela causa no leitor é outro. Seus versos estão carregados de significados, cada uma das palavra tem muitos significados diferentes daquilo que nos é comum, cada verso nos mostra uma imagem que nos causa algum tipo de sentimento, de estranhamento e, neste caso, nos atormenta ao vermos que no final do poema a surpresa que o poeta nos mostra se tratar de um Ser-Humano. 

O texto LITERÁRIO propõe EXPRESSIVIDADE e ESTÉTICA. A linguagem utilizada é CONOTATIVA, a escolha das palavras, a forma como nos é apresentado é bem significativo. O leitor se emociona de alguma forma com os símbolos e com a beleza artística que lhe são apresentados. Tudo significa no texto LITERÁRIO.
São exemplos de texto LITERÁRIO:
  • conto
  • poema
  • romance
  • peças de teatro
  • novelas
  • crônicas.
Atividades

1. Sobre a linguagem não literária é correto afirmar, exceto:

a) É utilizada, sobretudo, em textos cujo caráter seja essencialmente informativo.
b) Sua principal característica é a objetividade.
c) Utiliza recursos como a conotação para conferir às palavras sentidos mais amplos do que elas realmente possuem.
d) Utiliza a linguagem denotativa para expressar o real significado das palavras, sem metáforas ou preocupações artísticas

2. (UERJ – 2012)

SOBRE  A ORIGEM DA POESIA 
A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. 
Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios  ou telefonemas [...] 
No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto  com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo [...] 
Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.
ARNALDO ANTUNES
No último parágrafo, o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em seguida,  uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem referencial.
Pela  descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem,  o seguinte traço fundamental: 
a) O desgaste da intuição 
b) A dissolução da memória
c) A fragmentação da experiência
d) O enfraquecimento da percepção

3. Leia os textos abaixo para responder à questão:

(Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira
Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, 23-29/12/92)

(Texto 2) O bicho
Vi ontem um bichoNa imundície do pátio
Catando comida entre os detritos. 
Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem. 
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)
I. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante é a literária, pois sua principal função é informar o leitor sobre os transtornos causados pelos detritos.
II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária é predominante, pois o poeta faz uso de uma linguagem objetiva para informar o leitor.
III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o lixo que diariamente é depositado nas calçadas através de uma linguagem objetiva e concisa, marca dos textos não literários.
IV. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem plurissignificativa, isto é, permeada por metáforas e simbologias, traços determinantes da linguagem literária.

Estão corretas as proposições:

a) I, III e IV.
b) III e IV.
c) I, II, III e IV.
d) I e IV.
e) II, III e IV.

4. (UERJ – 2012)

SOBRE  A ORIGEM DA POESIA 
A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. 
Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios  ou telefonemas [...] 
No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto  com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo [...] 
Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.
ARNALDO ANTUNES
A comparação entre a poesia e outros usos da linguagem põe em destaque a seguinte característica do discurso poético:
a) revela-se como expressão subjetiva
b) manifesta-se na referência ao tempo
c) afasta-se das praticidades cotidianas
d) conjuga-se com necessidades concretas


Resultado de imagem para texto literário e não literário exercícios


                                                                          
Fonte:
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/texto-literario-e-nao-literario.html
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-linguagem-literaria-nao-literaria.html




















Questão 1
Alternativa “c”. Na linguagem não literária não há espaço para a linguagem figurada presente em metáforas, pois sua principal função é transmitir uma mensagem de maneira objetiva.
Questão 2
Alternativa “c”. A linguagem literária não apresenta um caráter utilitário ou prático, pois afasta-se da materialidade das coisas do cotidiano.
Questão 3
Alternativa “b”.
Questão 4
Alternativa “c”. A poesia não tem compromisso com a objetividade, seu compromisso é com a poesia e com uma linguagem que nos afasta da realidade cotidiana.

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