Variações Linguísticas

Variações Linguísticas

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Toda pessoa que fala um determinado idioma conhece as estruturas (regras) gerais de funcionamento dele. Isso não significa, no entanto, que todos os falantes de uma língua a utilizem de maneira rigorosamente uniforme. Existe um grande número de fatores (como a idade, o grupo social, o sexo, o graus de escolaridade etc) que interferem na maneira individual que o falante tem de se expressar. Dizemos, por isso, que em um idioma ocorrem variações linguísticas.




De maneira bastante simplificada, podemos considerar a existência de três tipos gerais de variações:


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  • VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL: grupo social ao qual o falante pertence;
  • VARIAÇÃO GEOGRÁFICA: região em que o falante vive durante um certo tempo;
  • VARIAÇÃO HISTÓRICA: tempo (época) em que o falante vive.

VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL

Compare estas duas frases:
Frase 1
Eles ficou por fora porque não foi nas reunião.
Frase 2
Eles não entenderam nada porque não foram às reuniões.

Que falantes normalmente empregariam a frase 1? E a 2?

Não é difícil associar a frase 1 a falantes que fazem parte de uma classe economicamente mais pobre da sociedade. Por outro lado, a frase 2 é mais comum àqueles que tiveram melhores possibilidades sociais e econômicas e, por isso, frequentaram a escola, puderam ter mais contato com a leitura de livros, jornais e revistas, conviveram com pessoas de nível cultural mais elevado etc.

VARIAÇÃO GEOGRÁFICA
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Você sabe que um gaúcho não tem a pronúncia igual à de um nordestino, que, por sua vez, fala "diferente" de um carioca.
Dependendo de onde o falante vive durante um certo número de anos, ele tem uma pronúncia característica. A essa maneira particular que os falantes de uma região têm de pronunciar as palavras e as frases dá-se, comumente, o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc.
De região para região do país, observam-se formas distintas de falar. Tais variações podem ser identificadas no aspecto sonoro (pronúncia), no vocabulário, bem como em certas estruturas de frases e nos sentidos particulares atribuídos a determinadas palavras e expressões.
A esse tipo de "diferenças" na língua dá-se o nome de variação geográfica. 
No diálogo da historinha a seguir, por exemplo, o folclorista Cornélio Pires recria a fala típica de um sertanejo.

Só os óio


Ao regressar de Mineiros, em Goiás, [...] perdemos a hora de atravessar o Rio dos Bois.

Não houve rogos nem promessas que demovessem o balseiro de sua resolução. Eram mais de seis horas e não daria passagem.
Tocamos rastro atrás cinco léguas e fomos pedir pouso em casas de um sertanejo pobre, casa de pau-a-pique [...].
Estávamos em julho e o frio era intenso.
Ao pedir o pouso o caipira me perguntou;
_ Você trôxe rede?
_ Não.
_ Curchuádo?
_ Também não.
_ E cuberta?
_ Também não trouche.
_Aãa... Intão vacê, de durmi, só troxe os óio?
Cornélio Pires. Patacoadas. Coleção Conversa caipira. Itu, Ottoni Editora, 2002.

Resultado de imagem para fernão de oliveiraVARIAÇÃO HISTÓRICA

Leia um pequeno fragmento de um texto de 1536 e compare-o com sua forma atualizada:
 Texto Original (1536) "A Lingoageme figura do entendimento [...] os bos falão virtudes e os maliçiosos maldades [...] sabê falar os q êtêdê as cousas: porq das cousas naçê as palauras e não das paluras as cousas." Fernão de Oliveira

Texto atualizado: A linguagem é figura do entendimento [...] os bons falam virtudes e os maliciosos, maldades [...] sabem falar os que entendem as coisas: porque das coisas nascem as palavras e não das palavras as coisas.

Como se pode notar, ocorreram várias modificações. Essas variações se devem ao fato de que as línguas se alteram com o passar do tempo. 
Resultado de imagem para vossamerceAs alterações ocorrem tanto na grafia quanto no sentido de muitas palavras. Além disso, surgem palavras novas, enquanto outras vão deixando de ser usadas, até desaparecer. A esse processo contínuo de modificação de uma língua damos o nome de variação histórica.

O "CERTO" E O "ERRADO" EM GRAMÁTICA

Leia novamente essas frases:

1. Eles ficou por fora porque não foi nas reunião.
2. Eles não entenderam nada porque não foram às reuniões.

Se alguém lhe perguntasse qual das duas é correta, certamente você não teria dúvidas em responder que é a frase 2.
Mas... se ambas as frases dizem a mesma coisa, se qualquer pessoa que seja falante de nosso idioma pode compreendê-las, por que se considera correta a frases 2 e errada a frase 1?
Ou seja:

Que critérios são empregados para se definir o que é "certo" ou "errado" na língua?

Em geral, os critérios que determinam os padrões de uma língua se estabelecem principalmente pela ação da escola e dos meios de comunicação, levando os falantes de um idioma a aceitar como "certo" o modo de falar do segmento social mais privilegiado, tanto no aspecto econômico como no cultural. Com o tempo, a maneira segundo a qual esse grupo utiliza a língua vai se impondo como um padrão da gramática normativa para estabelecer os conceito de "certo" e "errado".
Resultado de imagem para gramatica normativa Assim dizemos que a frase Eles ficou por fora porque não foi nas reunião  está linguisticamente correta, já que podemos compreender as ideias que expressa, mas está gramaticalmente incorreta, pois não obedece aos padrões definidos pela gramática normativa.
Uma das funções da escola é, pelo ensino de língua portuguesa, oferecer ao estudante condições de dominar as estruturas (regras) da língua culta, a fim de que, quando for conveniete, ele tenha condições de utilizá-la de maneira adequada.

ADEQUAÇÃO E INADEQUAÇÃO LINGUÍSTICA

Quando uma pessoa se comunica com outra(s), para que esse ato se realize de forma eficiente, é necessário que ela faça a adequação da linguagem.
Há situações em que, pleo fato de a relação entre os interlocutores ser mais descontraída, mais informal ou pessoal, fica mais adequado o emprego de uma linguagem informal, mais "solta". Por outro lado, há situações em que a relação falante-ouvinte é mais impessoal, cabendo aí uma linguagem mais formal, mais "cuidada".
São inúmeros os fatores que, individualmente ou combinados, interfrem no modo como o falante ajusta sua linguagem às circunstâncias do ato de comunicação. Entre esses fatores destacam-se:

  • o interlocutor - não se fala do mesmo modo de um adulto e com uma criança;
  • o assunto -  falar sobre a morte de uma pessoa amiga requer uma linguagem diferente da usada para lamentar a derrota de um time de futebol;
  • o ambiente -  não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em uma festa com amigos;
  • a relação falante-ouvinte -  não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; em uma situação social informal e em uma formal.
EXERCÍCIOS

1. Leia este poema
Aula de português
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.

O português são dois; o outro, mistério.
          
Carlos Drummond de Andrade

Em relação a esse texto, responda aos itens s seguir.
a. A que linguagem fazem referência as estrofes 1 e 4? E a estrofes 2 e 3? Justifique sua resposta com passagens das próprias estrofes.
b. De acordo com o Dicionário Aurélio Século XXI, a palavra esquipático talvez tenha surgido da junção das palavras esquisito  e antipático.Considerando essa possibilidade, estabeleça uma relação entre esquipáticas (verso 11) e o conteúdo da 3ª estrofe.
c. Explique o último verso do poema: O português são dois; o outro, mistério".
2. Leia este texto de Oswaldo de Andrade
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O autor está censurando, isto é, criticando as pessoas a quem ele se refere ou revela respeito por elas? Justifique.

Os textos a seguir referem-se às questões 3 e 4.
Texto 1
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
         Ao passo que nós
         O que fazemos
         É macaquear
         A sintaxe lusíada 

Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, pp. 114-115-116.
Texto 2
Defesa da inventividade popular (‘o povo é o inventa-línguas’, Maiakóvski) contra os burocratas da sensibilidade, que querem impingir ao povo, caritativamente, uma arte oficial, de ‘boa consciência’, ideologicamente retificada, dirigida”. 
[...]
Mas o povo cria, mas o povo engenha, mas o povo cavila. O povo é o inventa-línguas, na malícia da mestria, no matreiro da maravilha. O visgo do improviso, tateando a travessia, azeitava o eixo do sol... O povo é o melhor artífice. 
Haroldo de Campos. Circuladô de Fulô in: Isto não é um livro de viagem
Maiakóvski: poeta russo que viveu entre 1893 e 1930.

Texto 3

[...]

Eu trabaio até de noite
Pra dá conta da empreitada.
Pego moda por empreita
Pra inventá e por toada,
Invento moda na linha
No campeão dando lambada.

[...]
Quando eu entro no salão
Com minha viola afinada,
Eu canto uma moda arta
E muito bem expricada,
Dizeno que eu não insurto
Mas topo quarqué parada
Tenho feito pé-cascudo
Saí pisano na geada
Saí derrubano orvaio
Com a carcinha arregaçada
Oscar Martins e Rubens Vieira Marques. "Pé cascudo", in Som da Terra - Vieira e Vieirinha. Warner

3.(Vunesp-SP) Manuel Bandeira, no texto 1, e Haroldo de Campos, no texto 2, enfocam a espontaneidade da "língua do povo" e aspectos da inventividade presentes na arte popular. Releia ambos os textos e, a seguir:

a. cite pelo menos um trecho de cada autor em que criticam e denunciam nosso preconceito e desapreço às formas populares de expressão.

b. Cite um trecho de Manuel Bandeira que focaliza o aspecto de oralidade na comunicação, tão característico da literatura popular.

4. (Vunesp-SP) A letra de "Pé-cascudo" constitu-se de procedimentos versificatórios bastante uniformes e regulares, os quais a aproximam, em muitos casos, da "literatura oficial": são estrofes em décima (10 versos em cada estrofe), com rimas alternando versos brancos e versos pares rimados, metrificação heptassílaba (7 sílabas métricas em cada verso), de acordo com os padrões da redondilha maior. Releia atentamente a letra dessa moda de viola e, a seguir:

a. Cite dois versos ou dois trechos em que o poeta fala de sua "inventividade" ou da condição de "artífice" do bom violeiro.

b. Cite um trecho de Haroldo de Campos que serviria como comentário concordante com as citações que você apresentou no item a.


5. Leia este relato de um professor português que, em 1960, mudou-se de seu país e veio morar no Brasil.

Vim em 1960 e fui dar aula no Colégio Salesiano de Recife. Logo na primeira semana, fui chamado pela direção: um pai se queixara de que eu ofendera sua filha. É que eu dissera "Cale-se rapariga", sem saber que, no Nordeste, rapariga significa prostituta. (Revista Diálogo Médico).

a. Com que significado o professor pretendeu utilizar a palavra rapariga, ao falar com a aluna?
b. Que tipo de variação linguística gerou o problema? Justifique.

6. (ITA-SP) Leia o texto:

"Você entra no bate-papo, conversa, troca e-mail, faz amizade. Passa horas navegando com um bando de estranhos. E nunca sabe ao certo com quem está falando. O anonimato pode ser uma das vantagens da rede, mas também uma armadilha.
Para evitar possíveis decepções na hora da verdade, a internet vai sofisticando recursos, unindo psicologia, tecnologia e diversão e tentando melhorar o que podemos chamar de relacionamento em rede.
As novidades são boas para quem aposta no virtual como alternativa na hora de conhecer novas pessoas e para quem não quer levar para a vida real um gato no lugar de uma lebre, com o devido respeito aos bichinhos.[...]"
Viviane Zandonadi. Folha de São Paulo, 4/8/1999.

a. Identifique duas palavras ou expressões do texto que ganharam novos sentidos na área da informática.
b. Em se tratando de relacionamentos amorosos, levar "gato"(ou "gata") por "lebre" poderá ser um bom negócio. Explique por que é possível essa interpretação.

7. Leia este trecho de crônica.

Nossa língua brasileira

Fui dar um passeio por Rondônia. Lá pelas tantas, comecei a perceber que não estava entendendo a conversa do povo. Eu, que falo o português do centro-oeste mineiro, achei toada na fala da região. Cheguei numa beira de porto e pus sentido na prosa em redor. Decorei alguma coisa, que divido agora com o leitor. [...] Eis meu relato:
O regatão saltou do alvarenga onde estava morcegando e berrou:
_Açaí, cajarana, cupuaçu e pupunha! Loção contra carapaña, mucuim, mutuca e pium. Vai levar, patrão? [...]
Procurei um taxi, mas desanimei ao ouvir o informante dizer:
_Aqui, BK é só pra quem tá bamburrado. Tu tá?
E saiu rindo, apontando para mim e falando:
_ Brabo aqui vai de catrai! [...]
Logo que pude, abri buraqueira (fugi) para não ser forçado a fazer uso de uma assistência (ambulância) com destino a um hospício; nem para ser submetido a um baculejo (revista policial). Claro! Do jeito que fiquei, talvez pensassem que eu estava bodado (maluco) [...]. Logo eu, que sou tão virado (trabalhador)!
É uma faceta (epa!) da nossa língua...brasileira ou portuguesa?
Wilson Liberato, in jornal O Pergaminho,  21/10/2000.

a. Nesse texto o autor emprega várias palavras e expressões próprias de uma determinada variedade da língua portuguesa. Essas palavras e expressões são exemplos de variação histórica, geográfica ou sociocultural? Justifique.

b.  O autor esclarece o significado de algumas das palavras que utiliza, mas não explica o significado de regatão, alvarenga, morcegar, bamburrado, brabo catraia.

  • Qual dessas palavras significa, "vendedor que usa um barco para percorrer uma região?
  • Considerando que bamburrar significa, originalmente, "fazer fortuna repentina no garimpo", explique a frase "Aqui, BK é só pra quem tá bamburrado".
  • Duas das palavras acima significam "canoa, pequena embarcação". Quais são elas?
  • Considerando as respostas aos dois itens anteriores, explique o que o falante quis dizer com "Brabo aqui vai de catraia!".
8. (Unicamp-SP) Os dois textos abaixo, extraídos do livro "E os preços eram commodos", de M. Guedes e R. de A. Berlink (São Paulo, Humanitas, 2000), representam um tipo de anúncio comum nos jornais do século XIX e são muito semelhantes, embora tratem de assuntos que hoje consideraríamos bastante diferentes.

Resultado de imagem para escravo fugido gazeta de campinas 17 de julho de 1870ESCRAVO FUGIDO
Fugio no dia 30 de Junho pp o escravo de nome Anacleto; creoulo, representando idade de 30 a 35 annos, com os seguintes signaes: altura mediana, côr fula, corpo delgado, rosto comprido e um pouco entortado, boca regular e falta de 2 ou 3 dentes da parte de cima, um signal de cada lado das maçans do rosto, cabello cortado rente; a entrada da testa do lado esquerdo é maior do que a do lado direito, falla manso mostrando humildade. Sabe lêr e escrever e costuma inculcar-se forro e voluntário da pátria. Levou vestido paletot e calça de casimira preta com pouco uso e uma trouxa de roupa com calças e paletots brancos. Usa tambem de bigode e barba rapada.
Quem o prender e trouxer em Campinas e pozer na Cadêa receberá de gratificação 100$000 do sr Joaquim Candido Thevenar ("Gazeta de Campinas", 17 de julho de 1870).


ANIMAL DESAPPARECIDO
Na noite de domingo para segunda-feira, foi roubado em frente do Chico Pinto um animal com os seguintes signaes ruano, calçado dos quatro pés, tem no queixo um osso saliente para fora, andar de trote. O referido estava arreado com basto, novo, pellego imitação de carneiro, sobrexincha de cadarço verde. Quem der notícias certas ou entregar ao proprietário, será gratificado com 50$000.
Antonio Victorino da Silva
Jahú, 1¡. de agosto de 1897. ("Correio do Jahu", 08 de agosto de 1897).


a) Sem considerar as diferenças de ortografia, identifique no anúncio da "Gazeta de Campinas" duas expressões que hoje não seriam correntes e, portanto, para ser adequadamente compreendidas, exigiriam algum tipo de pesquisa histórica ou lingüística.

b) Explicite pelo menos duas semelhanças no conteúdo dos dois anúncios.
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c) Que traço da mentalidade escravocrata pode ser identificado pela comparação dos dois anúncios?

9. (Enem) Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, indique a opção que representa uma inadequação da linguagem usada ao contexto:

a.(   ) "O carro bateu e capotô, mas não deu pra vê direito." _ um pedestre que assistiu ao acidente comenta com outro que vai passando.

b.(   ) "E aí, ô meu! Como vai essa força?" _ um jovem que fala para um amigo.

c.(   ) "Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação." _ alguém comenta em uma reunião de trabalho.

d. (   ) "Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa." _ alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.

e. (   ) "Porque a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros." _ um professor universitário em um congresso internacional.

10.  O texto a seguir é parte de um abaixo assinado enviado a um prefeito. Leia-o com atenção.

Ex.mo Senhor
Evanildo Beraldini
DD. Prefeito Municipal
de Nova Cruzeiro

Nós abaixo-assinados, moradores da Vila Sta. Lúcia, solicitamos a Vossa Senhoria providências no sentido de iniciar, o mais breve possível, a construção da nova ponte sobre o Córrego Água Limpa.
Essa obra é uma antiga reivindicação dos moradores, pois na época das chuvas o nível das águas sobe muito, impedindo a utilização segura da ponte atual e pondo em risco a vida dos usuários, principalmente das crianças que a atravessam diariamente para ir à escola.
Além do mais, é bom relembrar também que essa foi uma das promessas que você nos fez, quando, em campanha para sua eleição,foi à nossa vila fazer comício e implorar o voto dos moradores.
Por enquanto, está tudo na promessa, não é? Continuamos esperando.
Nova Cruzeiro, [data]

Você identifica, nesse texto, algum problema relacionado à adequação da  linguagem? Justifique sua resposta.



GABARITO
1A. As estrofes 1 e 4 referem-se ao português coloquial (informal/cotidiano) versos 3 e 4 e toda s 4ª estrofe. As estrofes 2e3 são uma clara referência à língua culta (formal) "superfície estrelada de letras!, "professor Carlos Gois", "figura de gramática".
1B. Ele considera difícil, complexa e por isso não tem simpatia por ela.
2. Ele revela respeito por estes falantes, valorizando-os pela importância de sua função social (construir casas). Fica claro que a maneira que eles têm de falar é irrelevante; o importante é a função social.
3A. Em 1: "Vinha da boca do povo nA LíNGUA ERRADO DO POVO"; EM 2: "os burocratas da sensibilidade...dirigida"
3B."[...] ele é que fala gostoso o português do Brasil"
4A. "Pego moda por empreita/pra inventá e por toada/inventa moda na linha"; Eu canto uma moda certa/E muito bem explricada".
4B. "O povo é um inventa língua, na malícia da maestria [...]O povo é o melhor artífice"
5A. Jovem, moça, garota etc.
5B. Variação geográfica. Em Portugal a palavra rapariga é diferente do Brasil que quer dizer jovem mulher.
6A. bate-papo; conversa, navegando , rede.
6B. "Levar gato por lebre" é  um ditado popular que traduz uma situação em que alguém é enganado. "Gato'/"gata" é uma pessoa bonita atraente.
7A. Variação Geográfica.
7B. Regatão/Só as pessoas que tem bastante dinheiro usam taxi/alvarenga e catraia/quem é pobre vai de canoa.
-morcegar: tirar partido; explorar
8A. Côr fula: negro e mulato; pardo
inculcar-se forro: dizer que é livre, alforriado.
8B. Os dois têm a mesma finalidade: recuperar algo e prometem recompensa em dinheiro para quem ajudar a recuperar o que querem achar.
9. Alternativa E
10. No 3º e 4º parágrafos. Os termos "além do mais", 'é bom", "você", "implorar", "está tudo na promessa, não é?" e "continuamos esperando" fogem ao tratamento respeitoso e formal para autoridade constituída.

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