O Desenvolvimento Sustentável dos ectoparasitas.
O Desenvolvimento Sustentável dos ectoparasitas
Lélio Costa e Silva
No início eram 169 pulgas, 38 carrapatos e 75 piolhos. Todos moravam num cão de rua.
Naquele “planeta”, os carrapatos preferiam o interior das orelhas, os dedos, a cernelha e as axilas. No dorso, lombo e abdômen viviam as pulgas. Os piolhos, no restante. O cão era uma coceira só. Sugavam o sangue inoculando-lhe uma saliva irritante. Dia e noite, domingos e feriados.
Um dia alguém percebeu que o alimento estava caindo de qualidade — um sangue ralo e cada vez mais cor-de-rosa. Seria necessária uma assembleia de todos os moradores. Na manhã seguinte teve início a I Conferência Planetária do Meio Ambiente. O fórum escolhido foi o dorso do animal.
[...] E a reunião prosseguiu acalorada.
De repente o “planeta” começou a balançar...
— Efeito estufa? Aumento da temperatura global? Queimadas? Terremotos? Ou efeito do buraco na camada de ozônio?
Na verdade, era o cão que se coçava desesperadamente num solitário jequitibá... Ouvindo toda a discussão, a árvore tentou ajudar [...]
— Antigamente essa praça era uma floresta. Inúmeras árvores de variadas espécies. [...] Mas um dia começaram a desmatar além da conta... Logo fiquei sozinha. Hoje virei mictório de cães e de gente.
— Mas afinal o que é desenvolvimento sustentável? - perguntou um piolho aflito.
— É cada um sugar sem exageros o alimento e dar tempo ao “planeta” de se recuperar... [...] Todos se comprometeram...
Ao final dos debates já havia 3090 pulgas, 2348 carrapatos, 2251 piolhos...
No dia seguinte, o cão morreu.
adaptado por (SILVESTRE, 2005)
FONTE: Material Digital - Aula 10, 7ºano - 2º Bimestre - Língua Portuguesa
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